O que é cultura democrática e como ela afeta nossa vida

Por Instituto Sivis

Você já ouviu falar em cultura democrática?

Se já acompanha o nosso site e o site do Programa Cidade Modelo, deve ter percebido que esse é um termo fundamental para nossa história – da criação às ações realizadas e que estão por vir. Nosso objetivo é criar, coletivamente, soluções para fortalecer a cultura democrática. Acreditamos que esse é o caminho para gerar impacto positivo na participação política e nos níveis de confiança e colaboração da capital paranaense. Neste post, vamos falar sobre o que entendemos por cultura democrática e como ela influencia nossa vida e os rumos do país.

O que é cultura democrática?

Utilizando o conceito dos cientistas políticos Gabriel Almond e Sidney Verba, entendemos a cultura democrática como “um conjunto de crenças, atitudes, normas, percepções e inclinações, que alicerçam a participação”. Ela exige que as pessoas acreditem que a democracia é feita dentro de casa, na rua, no bairro, na cidade, no estado e, finalmente, no país como um todo. É preciso haver a percepção generalizada de que quem tem o poder de gerar transformação na sociedade e na política é o próprio cidadão.

O cenário de Curitiba

Em 2017, o Instituto Sivis desenvolveu o Índice de Democracia Local para medir a qualidade da democracia nas cidades, começando por Curitiba. Foram aplicados 900 questionários junto à população, além de entrevistas com especialistas na área e avaliação de dados secundários. Ao final do processo, o resultado da pesquisa indicou que a capital paranaense tem baixos índices de cultura democrática: 38,9%. O resultado consistiu na média de três características:

1. Dimensão Cognitiva: refere-se a níveis básicos de conhecimento e de interesse político para a existência de uma democracia consolidada. Este foi o atributo com a menor avaliação na categoria (26,6%). Para se ter uma ideia, 60,8% dos entrevistados não souberam responder qual é o papel do Poder Legislativo municipal, formado pelos vereadores.   

2. Vida comunitária: relações sociais que orientam as atitudes e inclinações das pessoas. Mais de 90% dos entrevistados disseram que nunca ou raramente participam de atividades coletivas na comunidade.

3. Normas e valores: considera as principais normas e valores que sustentam o sistema democrático, como inclinação à tolerância e ao diálogo, e o apoio ao Estado de Direito e ao regime democrático.

Como a cultura democrática frágil influencia nossa vida

Segundo o Índice de Democracia Local, quando as bases da cultura democrática são frágeis, a sustentação de instituições e a prática de liberdades e de direitos democráticos mostram-se improváveis no longo prazo. Esse cenário exerce influência sobre o nosso comportamento, mesmo que nem sempre seja possível perceber isso. Listamos abaixo cinco exemplos:

Baixa confiança no poder público: Pense na situação: as pessoas não têm clareza sobre o papel dos poderes Executivo e Legislativo, mas possuem grandes expectativas sobre o trabalho que eles desempenham. Ao enxergarem incapacidade governamental em atingir essas expectativas, que nem sempre estão adequadas, perdem a confiança nas instituições. Isso gera…

Baixa participação política: Por desacreditarem na capacidade das instituições, os cidadãos deixam de se envolver nos assuntos públicos. Apesar de terem garantidos os direitos de protestar e se expressar, não os exercem. A falta de participação política é resultado direto da cultura democrática deficitária.

Falta de iniciativa: Diretamente relacionada ao tópicos anterior, a falta de iniciativa fica aparente quando as pessoas acham que o que elas fazem não tem impacto e, consequentemente, acabam desistindo de fazer a diferença. Deixam de se ver como agentes capazes de gerar transformação e encontrar soluções para os problemas coletivos, o que enfraquece a formação cidadã e o conhecimento de que o poder público não é o único responsável por essas ações. “Uma cultura política inerte, que dependa em tudo da força do poder público, não pode ser considerada democrática”.

Baixa confiança nas outras pessoas: Qual é o seu nível de confiança em pessoas que você não conhece? Você já conversou com vizinho? Já perdeu alguma oportunidade por ter desconfiado de alguém? Esse talvez seja o sintoma mais visível de uma cultura democrática enfraquecida. Há menos interações entre as pessoas e isso faz com que elas se fechem em sua realidade, o que contribui para o aumento da intolerância e da falta de empatia.

Pouca colaboração: Apesar de ser consequência da falta de confiança, a colaboração merece um tópico à parte. Com menos diálogo, perdemos a capacidade de compreender a colaboração como ferramenta de transformação social. Deixamos de participar de atividades comunitárias e de compartilhar visões que podem ser complementares e cruciais para encontrar as soluções dos desafios locais. Quando nos abrimos para ajudar os outros, podemos nós mesmos passar por um processo de transformação capaz de nos encorajar no fortalecimento da cultura democrática. 

É possível promover a mudança

Todos os desafios que listamos, apesar de complexos, podem ser superados. Acreditamos que o trabalho coletivo promove uma mudança sistêmica na cultura democrática da cidade. Você também pode fazer parte dessa transformação. Quer saber como? Clique aqui.

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