Programa Cidade Modelo: onde começa nossa história

Por Instituto Sivis

Oficina do Programa Cidade Modelo.
Foto: Oficina do Cidade Modelo.

Iniciado pelo Instituto Sivis, o programa foi desenvolvido para ser colaborativo e pertencer a todos que tenham interesse em participar. Atualmente, mais de 100 organizações constroem o Cidade Modelo.

Como ajudar a construir uma sociedade em que valores como cultura democrática, confiança e colaboração sejam vistos como fatores fundamentais para promover a justiça social e a prosperidade? Foi a partir desse questionamento que o Programa Cidade Modelo deu seus primeiros passos. A proposta nasceu por iniciativa do Instituto Sivis e se baseia em três princípios: o diagnóstico baseado em evidências, a concepção de abordagem sistêmica e o método de impacto coletivo. Além disso, tem como premissa a construção coletiva, com diversidade de olhares que promovam caminhos e soluções para uma cultura democrática. O desafio não é pequeno.

 

Segundo o ranking avaliador do índice global de democracia, publicado desde 2006 pela The Economist Intelligence Unit e baseado em 60 indicadores, o Brasil é considerado uma “democracia falha”. A categoria indica os países em que as eleições são livres e as liberdades civis básicas são respeitadas, mas existem deficiências significativas na democracia, incluindo problemas de gestão governamental, baixos níveis de participação política e cultura política subdesenvolvida, item que recebe as menores pontuações na avaliação da conjuntura brasileira. No relatório mais recente, divulgado em janeiro deste ano, o Brasil possui 6,86 pontos, em uma escala de zero a dez. Essa é a pior pontuação do país desde que relatório começou a ser divulgado.

Contexto: pensar localmente para agir globalmente

Como realizar uma mudança estrutural eficaz e mudar o cenário apontado pelo Índice? Atuando para provocar a construção de um país colaborativo, honesto e democrático, o Instituto Sivis começou a gestar a ideia de criar em Curitiba um laboratório capaz de promover e desenvolver os níveis de confiança e de colaboração entre as pessoas, gerando resultados que também sejam relevantes para outras cidades do Brasil e do mundo. Por onde poderiam começar? “O diagnóstico de que o Brasil é uma democracia falha é muito importante, mas não nos dá muitos detalhes do que precisa ser feito, nem quais são as possíveis causas sob o ponto de vista local. Por isso, antes de começar a pensar quais ações seriam importantes para esse laboratório, vimos a necessidade de ter um diagnóstico quantitativo focado em Curitiba”, explica o gestor de Relações Institucionais do Instituto Sivis, Jamil Assis.

Índice de Democracia Local

Em 2017, o Instituto Sivis lançou o Índice de Democracia Local, um conjunto de indicadores e métricas que permitiu ter uma panorama da democracia em Curitiba, a partir de cinco categorias:  direitos e liberdades civis; funcionamento do governo local; processo eleitoral e pluralismo; participação política e cultura democrática. Entre janeiro e junho de 2017, foram aplicados 900 questionários junto à população, além de entrevistas em profundidade com especialistas na área da democracia.

Com base no levantamento, foi possível verificar que há um déficit de cultura democrática em Curitiba: 60,8% mostraram desconhecer o papel do Poder Legislativo; enquanto 32,1% afirmou não ter confiança alguma nos vereadores. Os baixos níveis de confiança também se estendem à sociedade civil: somente 15,8% dos respondentes disseram confiar na maioria das pessoas. Como agravante, 90% afirmou que raramente ou nunca participa de atividades coletivas comunitárias.

Mapeamento de experiências e iniciativas 

Com uma visão ampla do cenário curitibano, foi possível pensar em temas e ações para colocar em prática um laboratório capaz de promover e desenvolver os níveis de confiança e de colaboração no município. Mas ainda faltava algo importante: a participação de representantes dos mais diferentes setores da sociedade. Em 2018, Natasha Alvarez, hoje consultora de impacto do Instituto Sivis, fez uma série de entrevistas para mapear os atores sociais de Curitiba, pessoas e organizações que influenciam a socialização política da cidade, como clubes, organizações de bairro, associações étnicas, órgãos governamentais, partidos e políticos. 

No começo de 2019, junto com a consultoria AGS Impact, uma nova série de entrevistas foi feita, dessa vez com o recorte temático de confiança e colaboração. Foram consultadas 40 iniciativas entre associações de bairro, negócios sociais, grandes empresas e secretarias das gestões municipal e estadual. “A gente queria conhecer a realidade da pessoa no tema – o que ajudou ou atrapalhou sua experiência com colaboração e confiança – e pedir indicações de outros pontos de vista que não podiam faltar no mapeamento”, conta Jamil Assis. Ao fim do processo, mais de 100 iniciativas foram mapeadas.

Democracia que se constrói com pluralidade 

A partir do mapeamento, o Instituto Sivis convidou dezenas de lideranças locais para encontros e oficinas que tiveram como objetivo debater a cultura de colaboração e fazer com que o Programa Cidade Modelo seja de todos. Atualmente, há 15 organizações signatárias do termo de cooperação e mais 100 envolvidas nas últimas ações. Com as novas perspectivas, foi estabelecida uma infraestrutura para o desenvolvimento do programa composta por grupos de trabalho, conselho multissetorial, uma organização de suporte e apoiadores. “Tivemos uma receptividade inicial muito grande e positiva. Ainda há muita gente querendo participar das atividades de 2020”, afirma Jamil Assis. “As pessoas estão dispostas a saírem um pouco do seu objetivo institucional e individual para pensar em objetivos comuns. Elas estão abertas à colaboração e é isso que nos motiva e reforça nossa certeza de que é possível gerar mudanças substanciais”, conclui.   

Muitas novidades estão por vir em 2020. Junte-se a nós e venha escrever os próximos capítulos desta história. Clique aqui para saber como participar do Programa Cidade Modelo.

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